A última vez que os alemães haviam sido eliminados na fase inicial foi em 1938, na França, quando o torneio era disputado apenas em fases mata-mata e a seleção caiu logo na estreia para a Suíça, nos pênaltis. Desde que os grupos foram instituídos no Mundial, o país nunca havia caído neste estágio. O vexame ganhou contornos ainda mais históricos com os gols sul-coreanos nos acréscimos, que deixou o time europeu na lanterna do Grupo D.
E ninguém poderia imaginar que isso aconteceria na Rússia. Atual campeã mundial e da Copa das Confederações, dona de um estilo envolvente e repleta de jogadores que atuam no mais alto escalão da Europa, a Alemanha era apontada como grande candidata à conquista. Mas, em três partidas, decepcionou de forma surpreendente. E só não teve a queda decretada antes porque buscou um improvável triunfo contra a Suécia já aos 50 minutos do segundo tempo e com um jogador a menos.
Agora, ampliou a sina recente dos campeões mundiais na primeira fase. Afinal, esta é a terceira Copa seguida que o atual vencedor do torneio cai neste estágio, repetindo a Itália, campeã em 2006 e eliminada precocemente em 2010, e a Espanha, vencedora em 2010 e surpreendida quatro anos mais tarde, no Brasil.
Melhor para México e Suécia, que avançaram e agora aguardam seus adversários nas oitavas. Os suecos passaram em primeiro e duelam com o segundo colocado do Grupo E, o mesmo do Brasil. Já os mexicanos avançaram na vice-liderança e também esperam a definição da chave brasileira.
Vinda de duas partidas bastante decepcionantes, a Alemanha entrou mudada nesta quarta. Além da saída do suspenso Boateng, para entrada de Süle, e da entrada de Khedira na vaga do contundido Rudy, Löw promoveu à titularidade Hummels, Goretzka e Özil, sacando Rüdiger, Draxler e o artilheiro Thomas Müller, que vinha sendo bastante criticado e que estava em branco no Mundial.
A Coreia que começou com postura até surpreendente, mas rapidamente a Alemanha assumiu o controle da partida. Os sempre frios alemães pareceram sentir o peso das atuações prévias ruins e da necessidade da vitória e cometeram erros aos quais não estão acostumados.
Com isso, quem criou as principais chances foi a Coreia. Aos 18, Jung Woo-Young cobrou falta de longe e Neuer falhou ao tentar agarrar. Antes que o ataque coreano chegasse, porém, conseguiu afastar com um tapa. Seis minutos mais tarde, A zaga alemã falhou ao tentar afastar cruzamento e a sobra ficou com Son, que emendou de primeira para fora.
Somente aos 38 minutos a Alemanha levou perigo. Desta vez, foi a defesa coreana que errou na saída e entregou no pé adversário. O contra-ataque foi armado, Werner recebeu na área e bateu, com desvio, quase surpreendendo o goleiro. Na cobrança de escanteio, Werner ajeitou para Hummels, que limpou bem a marcação e bateu em cima de Jo Hyeon-Woo.
A Alemanha deixou o primeiro tempo com 71% de posse de bola, mas a sensação era de que a Coreia havia ficado mais próxima do gol. Para evitar qualquer surpresa, os alemães voltaram diferente para a etapa final e demoraram apenas dois minutos para criar mais do que em toda a primeira etapa. Após boa troca de passes na intermediária, Kimmich apareceu pela direita e cruzou na cabeça de Goretzka, que subiu sozinho para cabecear. Jo Hyeon-Woo caiu para fazer grande defesa.
Apenas três minutos depois, o ataque alemão encontrou espaço pela esquerda e Werner recebeu na área para bater de primeira, rente à trave. Parecia que a seleção imprimiria uma pressão, mas parou nisso. Para piorar, paralelamente a Suécia vencia o México o que obrigou os alemães a se lançarem ao ataque.
Mario Gómez entrou na vaga do volante Khedira, Thomas Müller foi colocado no lugar de Goretzka e o jogo ficou extremamente aberto. Só que o espaço existia de ambos os lados, e a Coreia quase aproveitou para abrir o placar aos 20 minutos, mas Moon Seon-Min demorou para bater quando estava de frente para Neuer e foi travado.
Graças à maior qualidade técnica, os alemães finalmente exerceram a pressão esperada e dominaram o campo de ataque, mas em um contragolpe foi Son que perdeu grande chance, jogando rente à trave. Os últimos minutos foram de aflição dos atuais campeões, mas pouca inspiração.
Até que a zebra se tornou completa aos 48 minutos, com o gol de Kim Young-Gwon, inicialmente invalidado, mas confirmado pelo VAR. O desespero foi tanto que Neuer se lançou para o ataque como um jogador de linha. E foi aí que a Coreia matou o jogo. Um chutão para frente de Ju Se-Jong virou passe para Son marcar com o gol vazio. Fim de jogo e o vexame estava selado.